
DE QUASE NÃO SENTIR
30/06/2006
E eu quase não sinto....
Quase não sinto nada por aqueles que não conheço
Quase não sinto nada por aqueles que deveria amar...
E quase tanto quanto isso por aqueles que digo que amo
Pouco importa...
Palavras são ditas o tempo todo, a qualquer um, dizer significa muito pouco
No final, quase sempre são só palavras
E por o serem, são bem menos que vinho,
Já que o segundo costuma ter um prazo de validade bem maior
Além de, quando digno, enobrecer com o tempo
Não importa se
Algumas flores murcham num tempo menor que o de outras
Já que afinal, todas murcham, algo que foge ao seu controle
É a fatalidade por traz da realidade
Não me venha dizer que seu filho importa mais que o meu vinho
A mim não importa
Talvez a ti já que
Cada um de nos é egoísta ao seu modo
A ti preocupa tua miniatura barulhenta
A mim as minhas uvas podres
Tampouco o teu luto vale mais que minha ressaca
Cada um de nos é egoísta ao seu modo
Tu por teu defunto vazio
Eu por minha garrafa vazia
No final... há muito pouca dor neste mundo
E talvez uma única verdadeira
A dor da amputação
Seja de seus dentes
Seja daquela que dizia que te amava
Mas uma coisa é verdade
Dor só é dor de verdade
Porque nos impede de atingir aquilo que mais queremos
Nosso prazer
E há muito prazer neste mundo
E no final é só ele que importa
Seja através de um corpo vazio
Seja através de uma garrafa vazia
Importante é, apenas, não haver barulho, além do da rolha que escapa
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