sábado, 9 de junho de 2007

DE QUASE NÃO SENTIR

30/06/2006

E eu quase não sinto....

Quase não sinto nada por aqueles que não conheço

Quase não sinto nada por aqueles que deveria amar...

E quase tanto quanto isso por aqueles que digo que amo

Pouco importa...

Palavras são ditas o tempo todo, a qualquer um, dizer significa muito pouco

No final, quase sempre são só palavras

E por o serem, são bem menos que vinho,

Já que o segundo costuma ter um prazo de validade bem maior

Além de, quando digno, enobrecer com o tempo

Não importa se

Algumas flores murcham num tempo menor que o de outras

Já que afinal, todas murcham, algo que foge ao seu controle

É a fatalidade por traz da realidade

Não me venha dizer que seu filho importa mais que o meu vinho

A mim não importa

Talvez a ti já que

Cada um de nos é egoísta ao seu modo

A ti preocupa tua miniatura barulhenta

A mim as minhas uvas podres

Tampouco o teu luto vale mais que minha ressaca

Cada um de nos é egoísta ao seu modo

Tu por teu defunto vazio

Eu por minha garrafa vazia

No final... há muito pouca dor neste mundo

E talvez uma única verdadeira

A dor da amputação

Seja de seus dentes

Seja daquela que dizia que te amava

Mas uma coisa é verdade

Dor só é dor de verdade

Porque nos impede de atingir aquilo que mais queremos

Nosso prazer

E há muito prazer neste mundo

E no final é só ele que importa

Seja através de um corpo vazio

Seja através de uma garrafa vazia

Importante é, apenas, não haver barulho, além do da rolha que escapa

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