domingo, 3 de junho de 2007

CINDERELA (01/05/05)

Perderam um sapatinho de cristal

No meio da rua, da avenida

Cristal de borracha sintética, 39

O pezinho cresceu

Foi uma Cinderela de vinte reais

Cheia de cerveja na cara

E uma língua de nicotina

Tão doce que era ácida

Perderam um sapato e acharam um vestido

Jeans de lavagem química,

Vestido que separa as duas pernas?

Que nada meu bem,

As Cindys de hoje são outras

Os cavalos são Honda

As carruagens Ford

E elas mesma dão carona

Usam OB,

Será?

(a maioria não precisará disso pois não têm fluxo a evitar)

Esquecem a camisa

De Vênus ou não,

No banheiro da boite

A Cindy hoje em dia

Tem um QI bem menor (que eu saiba nunca foi alto)

embora outras coisas possam crescer no meio do baile

Ela deixa o sapatinho de propósito no asfalto

Quando sobe em seu táxi

As cinco badaladas

Doze é a hora para entrar no vestido

Cindy só chega no final do baile

Para matar as outras de inveja

E o príncipe masturbador, a verdadeira princesa, de tédio

Cinderela que se preze, é imitação de Cinderela

Porque as Cinderelas autênticas sabem que o legal é não ser

Cinderela, Rapunzel, ou qualquer outra personagem

Montada por uma fada madrinha de peito depilado

Empastilhada

Que só conhece abóbora de Haloween

Para isso temos Ford

Cinderela que se preze usa 40 mas só veste 36

É imitação mas convence

E até apaixona

Príncipes e princesas

Afinal, um ou outro tanto faz.

Um comentário:

Samuel Costa disse...

Vc sabe q escreve muito bem!
admiro suas poesias como se fossem minhas!rsrs

te adoro maninho