
domingo, 23 de março de 2008

segunda-feira, 3 de março de 2008

Digam o que disserem, o mal do século não é a solidão. Na verdade a solidão nunca foi um mal, antes de tudo, é só que todo homem deseja se sentir. Se não só, com a menor quantidade de outros homens ao redor de si. O homem não é um ser comunitário. Não no sentido amplo deste termo. Os homens se esforçam para se isolar.
As tribos africanas ainda hoje guerreiam de modo incessante umas contra as demais as mesmas guerras de séculos atrás. Alias, os africanos sempre guerrearam tanto uns contra os outros que nunca conseguiram desenvolver uma sociedade avançada, como as orietais, européias ou ameríndias. Talvez o antigo Egito seja única sociedade avançada de que a áfrica possa se orgulhar, as demais sempre sucumbiram em greves internas que as expuseram aos demais invasores.
Os homens toleram no máximo outros homens de pensamento e comportamento semelhante aos seus. As tribos nunca deixaram de existir. Sejam as tribos étnicas, as religiosas, as que cultuam os mesmo princípios estéticos, falam a mesma língua, enfim, os iguais andam entre si e desejam a morte, ou o ostracismo, dos demais.
A escola é um bom local para identificar o comportamento de tribos. Mesmo entre os mais jovens da espécie humana é possível verificar como funcionam os mecanismo de exclusão que na fase adulta moldarão os padrões de seleção social.
No caso da escola os padrões se referem aos tipos de música que se escuta, aos programas de tv que se assiste, ao gênero sexual que se escolhe, a posição social, raça, credo, etc. A escola é uma fábrica de padrões de comportamentos gregários e segregários. Onde cada um dos grupos enfrenta resistência em lidar com os elementos dos demais. Estes mecanismo se desenvolvem na vida adulta para uma exclusão velada: o indivíduo não precisa, e nem pode por antiético, ser ridicularizado pelos membros dos demais grupos, desde que ele apresente uma produtividade econômica ele passa a ser tolerado no convívio produtivo.
Os mecanismos de exclusão são deixados de lado em prol da construção de uma economia em comum que trata ela mesma em excluir os membros de cada classe. A felicidade nunca é encontrada em conjunto por indivíduos diferentes entre si. A felicidade da companhia dependerá sempre de estar próximo daqueles nos quais é possível espelhar-se. Isso comprova viagens de horas para o natal em família, entre os amigos de verdade, ou seja, aqueles que independentemente do seu ambiente de trabalho ou de estudo, ou seja, de convenções sociais, estarão por ali para te receber pelo simples fato de que você reflita as qualidades deles mesmos.
O homem se isola através daquilo que se convencionou chamar de “cultura”. A cultura é a grande responsável pelas guerras. A cultura é responsável pela intolerância aos costumes dos demais. Culturas diferentes nunca conviveram
Mas mesmo os membros da mesma tribo se isolam. O homem precisa estar a sós, ou acompanhado da menos quantidade possível de outros homens para se sentir bem. Disto adveio o casamento que o ato máximo, ou o contrato máximo, para com a solidão, o ato de garantir a exclusividade de si para um outro ser apenas, e a nenhum outro. O que tanto defende as comunidades ocidentais que carregam consigo os germens do judaísmo. A religião do solitário Deus onipotente, e onisciente, trino, mas um só, com três faces, que não são as de Brahma. As religiões ocidentais colocam a solidão como o modo máximo de encontrar a Deus. É só e em silencio que o homem do ocidente consegue se comunicar com seu Deus. É sem perceber a outros homens que o ocidente percebe seu Deus, que foi feito a imagem e semelhança do indivíduo, e que por isso mesmo, é individualista e intolerante com o coletivo. O homem vai a igreja pra penetra no silencio, e no isolamento que o permite esquecer de seus irmãos e encontrar o seu Deus.
O homem precisa estar só. E quanto mais rico, com mais homens ele terá de conviver no seu dia a dia e mais isolado deles ele terá de estar em suas horas de repouso. É isolado em seu palácio, longe de seus súditos que o soberano goza do convívio de sua pequena família. É sem fazer barulho para que os vizinho os percebam que as famílias conseguem o seu descanso. A lei dos homens existe para que os indivíduos possam se locomover sem interferir na individualidade dos demais. Nunca houve uma sociedade do coletivo, do grupo, nem na família onde sempre um dos membros tem o seu posto de cabeça respeitado e venerado.
A solidão, a auto-segregação, é fator primordial a que o homem se sinta protegido de seu inimigo maior: o outro homem.